A qualidade das casas em vários conjuntos habitacionais, principalmente nas novas centralidades construídas pelo governo angolano, tem sido alvo de fortes críticas no passado por diversos analistas. E é novamente alvo de críticas por não proporcionar aos seus cidadãos habitação digna e transporte público.
Fonte: www.holdonangola.com
Jeiel de Freitas, activista, durante o fórum essencial da Rádio Essencial, falou da responsabilidade do Estado angolano na situação do acesso à habitação através do salário mínimo nacional, do qual um grupo é privilegiado e outros não, e da qualidade dos transportes públicos disponibilizado para os cidadãos. E diante dessas atrocidades, muitas famílias de baixa renda estão cada vez mais vulneráveis e alienadas de seus sonhos de uma vida digna em Angola.
“Nós estamos discutir o fenômeno do ponto de vista errado, embora eu siga a política externa.”
“Na sociedade, não deve ser um cidadão construir sua própria casa. Se fizermos um inquérito a mil, dez mil e cem mil jovens de países ocidentais, da Europa e de outros países como America, verificaremos que nenhum destes jovens construiu casa própria, mas tem várias pessoas nessa árvore genealógica que nem se quer construíram casa própria. Isto é que deveria ser o foco da nossa discussão”, disse.
Reiterou que é responsabilidade acrescida do Estado angolano realizar o sonho do cidadão da casa própria, admitindo que nenhum cidadão tem capacidade financeira para comprar casa em Angola.
“Não é responsabilidade do cidadão construir uma casa, o estado deveria prover residência ao cidadão e o que o cidadão faria é ter capacidade financeira para pagar essa residência ao longo dos anos”, responsabilizou o Estado angolano.
Segundo os cálculos do activista, Jeiel de Freitas, uma casa estaria orçada em mais de 20 a 40 milhões de kwanzas, para o salário mínimo nacional e para a qualidade de vida dos angolanos, nenhum cidadão tem condições de comprar uma casa pronta em Angola, sendo exclusivamente um privilégio para os políticos, sobretudo os políticos do MPLA, porque quando deixam de exercer as suas funções no aparelho político, ficam também impossibilitados de manter as suas próprias viaturas dentro de alguns dias em funcionamento. Disse
Na questão da qualidade dos transportes públicos ou dos acessos de longa duração, a aquisição de uma viatura, também é da responsabilidade do Estado angolano, segundo Jeiel de Freitas.
“Quanto aos veículos automóveis, quase a mesmo coisa. Os transportes público tinha que ser de boa qualidade, e os veículos automóveis seria privilégio da classe média alta”, salientou.
“As classes média e baixa tem de ter transportes públicos dignos, transporte público que uma pessoa de terno pode entrar nele, ir trabalhar e descer, estando intacto, sem ser misturado com a senhora da galinha que vai ao mercado do km 30 ou o senhor que carrega bidões de combustível. Estamos falar de transportes decentes, isto também uma das funções do Estado.”
“Portanto, não podemos culpar o cidadão por não conseguir construir uma casa e não poder comprar um carro. O cidadão não é responsável por este fenómeno, o Estado angolano deve proporcionar habitação no quadro de políticas que são da sua responsabilidade e do cidadão deve trabalhar decentemente para pagar por esta acomodação”, responsabilizou o Estado angolano.
Lamentou também que as famílias angolanas tenham perdido a esperança de ter casa e carro próprios, segundo estatísticas do INSS, que desde o governo do Presidente João Lourenço, Angola passou por uma situação muito pior, continuamos a lutar pelas condições dignas, as análises do aumento da cesta-básica que é caro às famílias angolanas e a burocratização do crédito à habitação que nenhum banco tem coragem de conceder aos cidadãos.
Estados autocráticos não empoderam as classes médias e não há vontade por parte do Executivo de empoderar os cidadãos, quando eles são empoderados, as necessidades primárias são atendidas e as necessidades secundárias tornam-se primárias. Portanto, é estratégia do Executivo manter as pessoas na penúria, torná-las dependentes do prato de comida, mantê-las na necessidade primária que é comer para não exigir as necessidades secundárias. Enquanto continuarmos dentro desses limites, eles estarão acomodados e nunca passaremos a exigir as necessidades secundárias. Alertou
Destacou a unanimidade como solução, tanto nos partidos políticos como na sociedade civil, na construção de leis e políticas que beneficiem todos os cidadãos, enumera actividades que podem envolver os cidadãos e a sociedade civil no conhecimento dos seus direitos, incutir uma cultura de reivindicação dos nossos direitos sempre que forem violados (sem impedimento das milícias que apoiam o governo), este seria o exercício a fazer para devolver a soberania ao povo angolano, concluiu.