No despacho de arquivamento do processo 1085/2024, emitido pelo Ministério Público do Tribunal da Comarca de Luanda, a narrativa de um dos casos judiciais mais comentados dos últimos tempos em Angola toma um rumo inesperado.
O documento determina a libertação de Gelson Emanuel Quintas, mais conhecido como “Man Genas”, um dos réus acusados de associação criminosa, furto, burla e abuso de confiança, ao lado de Paulo António Joaquim Bunde e outro acusado. A decisão baseou-se na insuficiência de provas apresentadas contra Man Genas.
O jornalista Liberato Furtado, da Rádio Nacional de Angola, trouxe à tona detalhes intrigantes do despacho, que não só absolveu Man Genas, mas também lançou dúvidas sobre como o processo chegou ao Tribunal com os indícios apresentados. Tal questão evidencia falhas no sistema judicial e a necessidade de uma investigação mais aprofundada das alegações feitas pelo denunciante.
Para Francisco Muteka, advogado de Man Genas, a decisão do Ministério Público é justa e acertada. Ele já se movimenta para obter a emissão imediata da soltura de seu cliente, possibilitando seu retorno ao convívio familiar. Porém, a libertação de Man Genas carrega consigo um contexto complexo e preocupante.
Man Genas é conhecido por suas denúncias contra um esquema de tráfico de drogas e combustíveis, alegadamente envolvendo altas figuras do Ministério do Interior. Após suas denúncias, ele fugiu para Moçambique, onde divulgou uma série de vídeos expondo a teia criminosa. Sua extradição para Angola, feita em um avião presidencial, e subsequente prisão levantaram suspeitas sobre as intenções reais das autoridades.
A libertação de Man Genas, após meses de encarceramento, suscita temores entre aqueles que conhecem a natureza do regime autoritário angolano. Há receios de que essa soltura possa ser uma manobra para neutralizá-lo fora da custódia do Estado, especialmente após as sérias acusações que fez contra altos funcionários do governo.
Diante deste cenário, é imperativo que as instituições de defesa dos Direitos Humanos mantenham vigilância sobre os próximos passos deste caso. A integridade e a segurança de Man Genas, agora fora dos muros da prisão, dependem de uma atenção contínua e de uma pressão internacional para garantir que sua libertação não se transforme em uma sentença de morte velada.
A situação de Man Genas não é apenas um reflexo da luta contra a corrupção, mas também um teste para a transparência e a justiça em Angola.
Opinião: Por Hitler Samussuku
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