Caracas, 19 de setembro de 2024 (Lusa) – O procurador-geral da Venezuela, Tarek William Saab, anunciou um mandado de detenção contra o presidente da Argentina, Javier Milei, em decorrência da apreensão de um avião venezuelano. A decisão gerou forte repúdio por parte do governo argentino.
Além de Milei, Saab emitiu mandados de detenção contra Karina Milei, irmã do presidente e secretária-geral da Presidência, e Patricia Bullrich, ministra da Segurança argentina.
Eles são acusados de crimes como "roubo qualificado, branqueamento de capitais, privação ilegal de liberdade, desmantelamento de aeronaves e associação criminosa".
Em resposta, o Ministério dos Negócios Estrangeiros da Argentina repudiou os mandados, destacando que a apreensão do avião foi uma decisão judicial.
O comunicado ressaltou a separação de poderes existente no país, enfatizando que "infelizmente não é o caso na Venezuela sob o regime de Nicolás Maduro".
Saab, em uma coletiva de imprensa, afirmou que Milei representa um "perigo brutal para todo o hemisfério" e que a investigação sobre o roubo do avião da Emtrasur foi aberta com base no direito internacional e na legislação venezuelana.Ele também anunciou a nomeação de procuradores especializados para lidar com esses casos.
A apreensão do avião ocorreu em junho de 2022, quando as autoridades argentinas interceptaram a aeronave da Emtrasur, uma companhia aérea de carga subsidiária de uma empresa estatal sob sanções dos EUA.
Os 19 tripulantes foram detidos e, posteriormente, liberados, incluindo quatro iranianos, um dos quais era um ex-comandante da Guarda da Revolução, classificada como terrorista pelos Estados Unidos.
Em fevereiro, já sob a presidência de Milei, o governo dos EUA tomou posse do avião. No início de setembro, o governo da Venezuela alegou ter evidências de que a Embaixada da Argentina em Caracas estaria sendo utilizada para planejar "atividades terroristas" contra o presidente Nicolás Maduro e a vice-presidente Delcy Rodríguez. Refugiados da oposição na embaixada afirmaram que policiais armados cercaram o local.
Atualmente, o Brasil está encarregado das sedes diplomáticas da Argentina e do Peru na Venezuela, após a expulsão dos membros das delegações por não reconhecerem a vitória de Maduro nas eleições presidenciais de 28 de julho.
Lusa